O rio Tejo, património natural de Alhos Vedros

O rio Tejo, património natural de Alhos Vedros.

Este Projecto é desenvolvido por alunos do 3º ciclo da Escola Básica 2,3 José Afonso Alhos Vedros.

Neste projecto, a saída de campo surge como uma imprescindível ferramenta ao dispor das professoras e um excelente meio de incrementar acções de Educação Ambiental, através das quais se pretende sensibilizar os alunos e ajudá-los a conhecer e compreender as temáticas abordadas, levando- os ao envolvimento, responsabilização e participação individual e colectiva na solução de problemas ambientais, fomentando o exercício de cidadania.


A Vila e o rio


  Passámos a olhar o rio como património da nossa Vila. Alhos Vedros cresceu e desenvolveu-se numa estreita e fraterna ligação ao rio, dele dependia o crescimento e a sustentabilidade económica da Vila. Mas era também esta Vila que o enfeitava com as suas gentes e as suas embarcações, era a Vila que lhe permitia revelar a sua riqueza e a sua importância. Ao longo do tempo o Termo da vila foi sofrendo profundas alterações, e diminuiu significativamente a região ribeirinha a favor de outras freguesias que foram crescendo. A vila ressentiu-se. Hoje o rio continua a iluminar-lhe a memória.
   Desde sempre Alhos Vedros dependeu do rio e de Lisboa, criou actividades e ofícios que se regulavam pela hora das marés (carreteiros, estalajadeiros, carregadores, os arrais e demais tripulação das embarcações). O rio funcionou, desde tempos ancestrais, como um pólo catalisador de vida, comunidades que se fixaram nas suas margens, que cresceram numa estreita relação de dádiva mútua, a quem ele ofereceu generosamente, na faina contínua do trabalho árduo, alimento (pescado, sal) e se transformou num elo de ligação fundamental entre diferentes regiões. O rio que se impõe na linguagem típica das margens ribeirinhas, dos seus pescadores, comerciantes, gentes que chegam e partem de um cais que se transforma no centro da vida comunitária. O cais era um espaço social e de convívio, ai se juntavam as pessoas, conversam, sabiam notícias da outra margem. Produtos que chegam (importados - cereais), produtos que saiam (exportados - sal e vinho). O Rio que fixa o moinho, (as características geomorfológicas da margem esquerda do estuário do Tejo, abundante em esteiros naturais tornavam estes espaços atractivos para a edificação de Moinhos de Maré, estes esteiros naturais foram aproveitados para a construção das caldeiras dos moinhos), o rio que leva a farinha, o vinho, alguns legumes e fruta, que assiste e recebe nos seus esteiros aves que ai nidificam. O rio permanece.


“ … quase todos os dias entram carregadas de peixe de toda a espécie, além de muitos barcos pequenos a que chamamos muletas (…) pescam muitos e grandes linguados, infinitas azevias ( peixe que só neste rio se acha ) muito congro, corvina, mugem e grandes tainhas, xarrocos (…) gostosíssimos pampanos, salmonetes, lagostas e lagostins, e grande quantidade de camarões grandes e pequenos e outra muita sorte de peixe de menos estima”.
                                                                                         Adaptado





O Tejo é mais belo que o rio que corre pela minha aldeia,
Mas o Tejo não é mais belo que o rio que corre pela minha aldeia
Porque o Tejo não é o rio que corre pela minha aldeia.
O Tejo tem grandes navios
E navega nele ainda,
Para aqueles que vêem em tudo o que lá não está,
A memória das naus.
O Tejo desce de Espanha
E o Tejo entra no mar em Portugal.
Toda a gente sabe isso.
Mas poucos sabem qual é o rio da minha aldeia
E para onde ele vai
E donde ele vem.
E por isso porque pertence a menos gente,
É mais livre e maior o rio da minha aldeia.
Pelo Tejo vai-se para o Mundo.
Para além do Tejo há a América
E a fortuna daqueles que a encontram.
Ninguém nunca pensou no que há para além
Do rio da minha aldeia.
O rio da minha aldeia não faz pensar em nada.
Quem está ao pé dele está só ao pé dele.
   Alberto Caeiro